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São João da solidão

18 de junho de 2020

O São João será na semana que vem. Sem fogueiras, sem foguetes, sem danças. Um São João de ruas desertas, de salões vazios, sem milho assando na brasa e sem os pifeiros de Jericó animando a gurizada da Rua do Cancão.

Dizem que farão festas on line e que os aprisionados as verão pelas telas do computador e do celular.

Coisa mais sem graça!

Festa boa era no passado. A gente dançava fungando no cangote da morena. E para diminuir o calor da dança, engolia umas lapadas de cachaça com tira-gosto de preá.

A cachaça ainda é permitida, o preá sumiu, escafedeu-se. Nem Zé de Biu se atreve a matar o bicho, com medo do Ibama.

E com o corona na porta, aposentou a espingarda, botou a máscara no rosto e foi brincar de carêta em carnavais de fantasia.

Ainda há pouco avistei o amigo Ricardo Ramalho, meu companheiro de festas juninas. Nos cumprimentamos a uma distância de 10 metros. Ele de lá e eu de cá, sem o costumeiro convite para tomar uma para quebrar o frio.

Lembro que em épocas passadas, por esse tempo, já estávamos a invadir os espaços da vizinhança com muito forró e iguarias etílicas. Agora é só um xauzinho de longe e olhe lá.

Mas me foi dito que um dia isso vai passar. Tomara que passe . E que eu esteja vivo para testemunhar a festa.

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