Por Onireves Somar
A estreita faixa esverdeada que aparece no mapa da Paraíba, Sudoeste do estado, divisa com Pernambuco, é São José de Princesa. Pois bem, este município figura entre os dez primeiros com melhores indicadores de saúde e qualidade de vida do estado.
A pesquisa foi divulgada em julho, mas ainda hoje reverbera nas conversas de esquina e nas rodas de amigos como uma grande conquista para a população. O status alcançado levantou a autoestima dos 3.500 sãojoseenses, contados um a um no derradeiro censo feito há apenas dois anos.
No mapa elaborado pelo órgão aparecem apenas dez municípios pintados de verde, camaleões em alguns poucos pontos do estado, cujo mimetismo não os impediu de serem notados pelo IPS Brasil (Índice de Progresso Social), que faz um escaneamento completo da realidade socioambiental dos 5.570 municípios do país.
Trintão
De todos os municípios da microrregião da Serra do Teixeira, São José foi o único reconhecido, apesar de ter apenas 30 anos de existência enquanto ente federativo, pois foi desmembrado de Princesa Isabel em 1994 e hoje goza do privilégio de ser uma cidade aprazível, com uma invejável área verde e calendário de eventos festivos dos mais animados da região.
Banhado pelo riacho do mesmo nome, que nasce nas franjas da serra da Baixa Verde e é tributário dos rios Piancó e Piranhas, São José é uma cidade bucólica, a meio caminho entre Princesa Isabel e Manaíra, cuja economia está baseada na agricultura familiar e na pecuária.
Quebrando barreiras quase intransponíveis, o município alcançou o 6º lugar na pesquisa do IPS, um gol de placa até hoje cantado em verso pelos violeiros e aboiadores nas vaquejadas do Parque Haras Maria Diniz, uma das mais importantes efemérides da cidade.
Queda no país
A referida pesquisa não pode ser contestada, vez que realizada por órgão sério que avalia a qualidade de vida nas cidades com base em inúmeros indicadores. Sua metodologia afere a qualidade de vida da população em todos os aspectos, buscando conhecer os mínimos detalhes, de forma a estabelecer um diagnóstico, ou seja: se as pessoas têm ou não o necessário para viver com dignidade e prosperando.
Os fatores levados em conta na pesquisa são as necessidades básicas: cuidados médicos, nutrição, água, saneamento, segurança pessoal, entre outros itens necessários à vida. Nesse particular, o município de São José nada de braçada, vai de vento em popa, enquanto a tendência do resto do país é correr contra a maré.
Recentemente o Correio Braziliense — importante órgão de imprensa da capital federal — divulgou que o Brasil desceu a ladeira nos últimos dez anos, caiu 21 posições no IPS, passando da 46ª para a 67ª posição este ano. A queda reflete, portanto, uma piora nos níveis de desigualdade social e econômica do país.
O prefeito da cidade manifesta otimismo com sua administração. Calçando botas de vaqueiro, chapéu de Indiana Jones e cheirando a óleo diesel, Juliano Diniz é quase da idade de São José. Ele volta da labuta, desce de cima de um gigantesco trator de esteira que opera com desenvoltura, e comemora a conquista. “Muito mais difícil é dirigir a outra máquina”, diz o jovem prefeito, se referindo ao município.
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