Saudades de Joaquim Madruga

Já o conhecia de longe e depois que ele assumiu a Presidência do Tribunal de Justiça, na década de 90, tive uma maior aproximação. Era um doce de pessoa. Juiz humano, simples, cordato, nunca o vi alterar a voz, dar carteirada ou se valer do cargo para humilhar ninguém.

Certa vez me surpreendeu com o convite para acompanhar a comitiva do Tribunal até Princesa Isabel. Fomos todos num ônibus de luxo, viagem tranquila, bem-humorada, de imortais recordações.

Em Princesa, à noite, a sociedade se reuniu no clube local para homenagear os ilustres visitantes. Na hora da solenidade, o presidente Joaquim Sérgio Madruga citou meu nome na saudação, antes mesmo de pronunciar o das chamadas autoridades locais. Fez isso mais pela afeição que me tinha do que por eu ser merecedor.

Lembro ainda do dia seguinte, pela manhã. Saímos do hotel, eu, ele, doutor Miguel Levino e doutor Cananéia até uma mercearia que vendia queijo de manteiga do legítimo, com gosto de manteiga da terra. O estoque da irmã de Damião Antas foi todo comprado. Dali seguimos até a Rua do Cancão onde morava minha tia Jovelina. Fui abraça-la. Mas os três desembargadores também desceram do carro que nos transportava e foram dar um abraço em Tia Jovem. Foi a primeira vez que ela, então com mais de 80 anos, se viu abraçada por tanta gente importante.

Na viagem de volta, fizemos uma parada estratégica em Teixeira, na granja do desembargador Josias. E ali cometemos um crime ambiental: tomamos cachaça Rainha tirando o gosto com arribaçã.

Doutor Joaquim viveu 90 anos e tenho absoluta certeza de que partiu para a terra dos justos sem deixar um inimigo aqui na terra.

No céu, integrará o tribunal divino ao lado de Miguel Levino, Semeão Cananéia, Luiz Bronzeado, Silvio Porto, Evandro Neves, Osias Gomes, Arquimedes Souto Maior e tantos outros justos, magistrados que honraram a Paraíba e deixaram uma herança de exemplos para os filhos e  conterrâneos.