Se eu não tivesse escrúpulos e fosse uma oposição medíocre à Ricardo Coutinho…

Por: Aldo Ribeiro

Vamos brincar de falar sério e jogar a real sobre tudo o que vem acontecendo nos últimos meses na política de nosso estado?

Percebam como está posto o tabuleiro político nos dias atuais, e percebamos esse mesmo tabuleiro há sei lá, quinze anos atrás. Tínhamos uma polarização entre os Cunha Lima, capitaneado pelo agora aposentado político Cássio Cunha Lima, e do outro lado o PMDB, comandado pelo interminável José Maranhão. Dois grupos. Oligarquias que há anos travavam uma disputa de poder pelo poder, onde a população e o desenvolvimento do estado era o que menos importava. Qualquer pesquisa mais séria na internet, mostrará que a Paraíba, à época, disputava com Alagoas, Maranhão e Piauí, o desonroso título de “estado mais pobre do Brasil”.

Não tínhamos um Ministério Público tão atuante como hoje. Não tínhamos instrumentos de fiscalização eficientes como os de hoje. Não tínhamos uma terra do vale tudo como as redes sociais. As coisas eram mais soltas, mais fáceis de se acobertar. Percebem? As briguinhas entre os grupos existiam, mas veladamente o código de conduta era, “tu fica na tua, eu fico na minha, e todo mundo fica bem, ok?” O poder é uma droga viciante. Aprisiona.

Pois bem. Após anos e mais anos de alternância de poder entre grupos políticos muito pouco interessados em trabalhar de verdade pela população, salvo algumas exceções, aparece na vida desses cidadãos, um tal de Ricardo Coutinho. Sem pedigree político, nascido e criado em Jaguaribe e vindo do movimento estudantil. Numa trajetória jamais vista na Paraíba, em poucos anos, é catapultado de vereador à governador do estado. Foi uma espécie de atropelo. E eles não anotaram placa. Quando viram, RC já era governador.

Venceu José Maranhão em 2010, Cássio Cunha Lima em 2014 e pra fechar o firo, elege no 1º turno, com 600 mil votos de diferença, para sucedê-lo no governo do estado, um secretário seu, desconhecido e sem experiência alguma na política pura.

Conseguiu de uma tacada só, aposentar Cássio e Maranhão, e praticamente (acho eu), rebaixar o grupo dos Cartaxo pra uma espécie de 2ª divisão da política paraibana. Além disso, enfrentou e venceu novamente, uma pesada artilharia do Sistema Correio e do Sistema Paraíba de Comunicação. Afora tudo isso, ainda tem enormes chances de retornar à Prefeitura de João Pessoa. Percebem o tamanho do estrago que Ricardo conseguiu fazer? Percebem o que representaria para a oposição um João governador e um Ricardo prefeito da capital? Seria ou será o fim. Seria ou será a consolidação de um projeto exitoso, testado e aprovado, que perduraria por anos e anos.

E, diante desse cenário, sendo eu parte de uma oposição medíocre, sem ideias, sem quadros, incompetente e sem perspectiva, apelaria pro golpe baixo.

Juntaria a cambada toda, incluindo a grande imprensa e falaria:

“Rapaziada, é o seguinte: se a gente não frear Ricardo Coutinho, ele vai ser eleito prefeito, e será o fim pra nós e pra todos os nossos protegidos. Precisamos aproveitar a onda de Fake News, e organizadamente orquestrar um bombardeio. A grande imprensa precisa fazer igual fizeram com Lula. Dar uma cobertura pesada sobre todos os possíveis fatos envolvendo qualquer um do grupo de Ricardo. Até o cachorro dele. Tudo de ruim que for divulgado, deverá ser ligado à figura dele. Pautas-bombas diárias.

“Isso vai enfraquecê-lo diante da opinião pública, anestesiada e emburrecida pelas redes sociais. Somente assim teremos alguma chance de freá-lo. Caso contrário, será o nosso fim. Não temos nenhum quadro capaz de enfrentá-lo ano que vem. Só nos resta apelar pra covardia, e torcer que o nome dele apareça na Operação Calvário. Tentar impedir que no mínimo não seja candidato.”

“Vocês já viram que as delações premiadas podem nos ajudar, né? Estão burlando as regras e o Estado Democrático de Direito, se utilizando de um instrumento medieval, pra arrancar qualquer coisa dos presos, mesmo sem provas cabais. Vale tudo. Terrorismo psicológico, prisão preventiva inapropriada, e até mandar pra uma cela comum do presídio PB01, um acusado com diploma de curso superior. Tá todo mundo aguardando sair pelo menos uma vírgula sobre RC. Quando sair, nós vamos fazer o inferno.”

“Ah, tem mais. É importante que nesse período não saia nada a nosso respeito na imprensa. Aquelas gravações do prefeito com seus auxiliares em conversas pra lá de suspeitas, não pode sair nada a respeito. Não se preocupem, Sistema Correio e Sistema Paraíba, não noticiarão nada a respeito. Nilvan Ferreira e o tal do Vitor, não falarão nada sobre esse assunto, mesmo quando algum dos personagens da gravação for o entrevistado.”

“No mais, é rezar pra pegarem RC, senão, estamos fodidos. Fim da linha”.

Afora o diálogo fictício acima, mas que faz todo o sentido, precisamos clarear mais algumas situações.

Quem em sã consciência, com culpa no cartório, abriria mão de um mandato de senador, tão certo como dois e dois são quatro? Mesmo sabendo que é a bola da vez, e todos os holofotes, seja saudável ou prejudicial à sua história, acompanham todos os seus passos?

Vamos ter um pouco de bom senso, minha gente, antes condenar via compartilhamento de notícias falsas. Ricardo tem uma folha de serviços prestados à esse estado. Ricardo, assim como Lula, tem sua vida devassada desde sempre. Conheço gente que fez promessa pra Ricardo estar envolvido em alguma falcatrua da Lava Jato. Vejam lá quem foi citado! Ricardo bateu de frente com gente poderosa, acostumada a tomar decisões ao seu bel prazer. Ricardo quebrou paradigmas, pôs o povo na pauta política, após décadas de ostracismo. Vocês acham que isso não vai de encontro aos interesses dos Cavalcantis e Da Silvas Juniors da vida? Ricardo foi onde ninguém ousou entrar um dia.

Eu não sei o que vem por aí, em relação à essa operação. Que se puna quem realmente deve à justiça. Mas eu tenho certeza absoluta, que movimentos obscuros do poder, se organizam e orquestram uma condenação pública e antecipada do ex-governador Ricardo Coutinho.

O objetivo é a banalização da classe política, pra colocar todos num mesmo bojo fétido. Não tenham dúvidas disso. Nunca na história desse estado e desse país, precisamos tanto defender o Estado Democrático de Direito. Sigamos…