O mais gostoso nas redações velhos jornais que não existem mais era o fechamento da primeira página e a escolha da manchete principal. Os repórteres competiam para ver quem forneceria a matéria mais importante, aquela que seria o carro chefe da edição do dia seguinte, responsável pelas vendas e, quem sabe, pela edição extra.
As redações ferviam e fervilhavam. Repórteres e redatores iam e vinham num movimento que não parava. E o matraquear das velhas queixos duros da Oliveti e da Remington ditavam o ritmo da dança.
Ninguém poderia escrever errado. E se algum repórter não caprichava no português, havia a figura do redator para copidescar seu texto e exibi-lo no dia seguinte perfeito, conciso e informativo.
A redação com a reportagem fechava suas portas depois da meia noite. Dali os jornalistas saiam para os bares das ruas e dos cabarés. Tomavam as saideiras, comemoravam a boa edição que dali a pouco estaria nas bancas ou então enchiam a cara para esquecer das broncas do editor, do secretário de redação ou do chefe de reportagem.
Havia romantismo, havia amor pelo que se fazia.
Não era como agora, com a chegada da internet e a morte do jornal de papel, onde qualquer fofa bosta cria um blog ou um portal e, posando de jornalista, usa o espaço para extorquir o vereador, o deputado, o senador, o governador, o padre, o pastor de igreja e o dono do motel.
Eu vivi as duas épocas e posso garantir que a mais antiga foi melhor, muito melhor, muito ótima demais.
Mas como a vida continua, forçoso é continuar no eito ao lado de uns poucos abnegados, fazendo a diferença e separando o joio do trigo.
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