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Sobre Ricardo Coutinho e o seu livro

23 de dezembro de 2021

 

Wellyson Marlon

Governos do PSB na Paraíba — Gestões de Ricardo Coutinho 2011 – 2018 —, foi esse o livro que ganhei, para minha surpresa, do ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, veio-me com uma dedicatória, a qual considero com bastante deferência: “Ao companheiro da terra do meu pai, Picuí, Wellyson Marlon, 06.21. Ricardo Coutinho”. Digo deferência, pois ele cita Picuí como sendo terra de seu pai, havendo aí uma conotação afetiva.

Quando eu disse a professora Carmeracilda Dantas, a sempre militante do PT, que havia ganho um livro de RC, ela fez um comentário interessante: “O cara é muito inteligente, fez questão de registrar o governo dele em documento histórico, porque no Brasil há uma tendência a se esquecer das coisas importantes”.

Inicialmente, gostaria de falar sobre dois fatos sem importância para o governo socialista de RC. Porém que fizeram parte de meu encontro pessoal com ele por duas vezes. Fatos estes que lembrei ao folhear o livro de RC. Eu devia contar 20 anos de idade quando RC veio a Picuí, ainda na condição de prefeito de João Pessoa. Ele estava numa festa de rua em Picuí. Neste dia não tinha tanta gente, quando vi Ricardo Coutinho pela primeira, em cima de um camarote. Lembro que lá do chão tentei chamar a atenção de RC, e consegui. Perguntei: você é candidato a governador? Para minha surpresa, RC me deu atenção. Respondeu que sim. “Eu sou candidato a governador”. Nunca vi tanta convicção numa frase. Acho até que ele fez leitura labial do que perguntara. Sai dali impressionado por ele ter me respondido. Uma atenção que não esperava, sinceramente.
Nosso segundo encontro foi próximo, na frente do coreto da Praça João Pessoa, também em Picuí. Naquele momento ele era candidato a governador já, indaguei sobre a aliança com a direita. Minha indagação foi muito mais num tom provocativo de jovem de esquerda, RC me respondeu, sem entrar na provocação, assim: “O próprio presidente Lula me disse para fazer, senão não chego ao poder contra a máquina do estado”. Foi uma resposta precisa que não me deu margem para “réplica”.

Não quero me apegar ao livro para falar do governo de RC. Mas a memória de quem viu a Paraíba se desenvolver como nunca, até então. Eu fui estudante da rede estadual de ensino com dois outros governadores, não tinha nada além do básico, e ainda faltava o básico. Quando RC chegou ao poder, eu puder ver as melhorias na Educação. Era Escola modelo, eram filhos da classe trabalhadora indo para o exterior fazer intercâmbio. Claro que isto era inimaginável para eu quando estudante.

Ricardo me impressionava, fazia a Paraíba crescer. Eram novos tempos. Lembro de um professor de História dizendo que votou em RC por acreditar numa Paraíba melhor, nova. Numa aula sobre JK falou do plano 50 anos em 5, mencionou algo de 40 anos em 4 de RC. E eu fui testemunha ocular da recente História da Paraíba. Do Crescimento acelerado, do Desenvolvimento nunca visto, da “casa em ordem”.

Ricardo Coutinho veio várias vezes a Picuí, nunca participava dos eventos. Não encontrei mais RC, nem de longe. Logo após Lula ter a casa invadida de forma arbitrária, ser levado a condução coercitiva à força, bem dizer. RC veio a Picuí, fez um discurso de estadista, criticando a famigerada Operação Lava-Jato. Defendeu Lula, ao lado daqueles que não gostam de Lula. Os rostos dos que estavam no evento eram de incredulidade. RC não se curvara aos aliados da direita local, defendia o que acredita.

Sempre admirei esse RC corajoso que fazia aliança com quem não é de esquerda, pelo pragmatismo político da governabilidade, mas não deixava de lado suas convicções ideológicas. O poder de argumentação de Ricardo Coutinho foi algo que nunca tinha visto na Paraíba. Um político à frente de seu tempo. Apontava o dedo em riste ao qual caminho seguir. Um líder que não tem medo de propor. E apontar o horizonte. Um homem de palavra.

Ricardo Coutinho escreveu um livro preciso. Mostrando os índices que fizeram da Paraíba um lugar melhor para se viver. O poder da palavra encanta RC, a inteligência do argumento.

Gabriel García Márquez, nosso Gabo, disse que seu bom amigo Fidel Castro sofria de dependência da palavra. E Ricardo Coutinho, felizmente, também sofre disto, para o bem de todos nós que somos progressistas.

Vida longa a Ricardo Coutinho!

 

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