RAMALHO LEITE
Neste ano de 2024 completará cem anos do término do governo do Presidente Solon de Lucena. Estando em Bananeiras a respirar o ar respirou o mais ilustre filho da terra, cercado por obras que o tornariam imortal, resolvi abordar um aspecto da sua vida, desconhecido até por seus parentes. Por acaso, descobri na internet que uma das principais escolas de segundo grau de Manaus é denominada Escola Estadual Solon de Lucena. A princípio, pensei tratar-se de um homônimo. Todavia, obtive a confirmação de que era uma homenagem ao nosso presidente da década de vinte (1920/24).Porque razão, é o que vou explicar.
Devo dizer que tive dificuldade em saber os motivos dessa homenagem ao mestre escola paraibano que chegou à presidência do seu estado. Só recentemente, em contato com o presidente da academia Amazonense de Letras, escritor Roberto Braga, obtive detalhes dos méritos que levaram os amazonenses a homenagear o paraibano.
Decorria o ano de 1920 e a crise financeira mundial atingiu o comercio da borracha que dava vida ao Amazonas, povoado desde 1877 por levas de nordestinos fugidos da seca e apoiados pelos manauenses. Uma Escola de Comercio fora fundada anos antes e também foi atingida pelas dificuldades do erário, ameaçando fechar suas portas. Era governador então o oligarca Cesar do Rego Monteiro que acompanhava o desencanto dos manauenses com a crise em todos os setores, inclusive na educação. Sem forças para, sozinho, enfrentar o abalo sísmico de sua economia, o governador resolveu recorrer aos demais governadores de estado, notadamente os nordestinos, na busca de ajuda para minorar os males do estado amazônico. A grande maioria respondeu com o silencio.
Da pequenina Parahyba, porém, veio a única resposta efetiva e concreta. O presidente Solon de Lucena, sensibilizado com a aflição dos seus irmãos coestaduanos do norte, promoveu subscrição pública, arrecadou recursos e encaminhou ao Amazonas, visando minorar o sofrimento do seu povo. Ademais, Solon, em solidariedade, encaminhou ao Presidente da Republica inflamado apelo em nome dos paraibanos, pedindo socorro para o Amazonas. Daí por que, tempos depois, a antiga escola municipal de ensino comercial passou a tê-lo como patrono.
A imprensa registrou que o então prefeito Basílio Franco, de Manaus “aproveitou o grande auxilio enviado pelo governador Solon de Lucena, da Paraíba, e adquiriu medicamentos, fazendas, gêneros alimentícios a fim de serem distribuídos com os infelizes de Manicoré”. O nome de Solon de Lucena que denominava a escola comercial, esteve sempre lembrado entre os benfeitores do estado do Amazonas e de Manaus. A escola com o seu nome, depois de percorrer vários prédios, foi incorporada, posteriormente, à rede estadual de ensino e, hoje, em prédio próprio, tem a denominação de Escola Estadual Solon de Lucena. Está situada na Avenida Constantino Nery, Bairro São Geraldo, Manaus. (Agradeço a pesquisa ao escritor Robério Braga, já citado acima)
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