É difícil não falar sobre política nesses tempos de zinleições. A gente fica pisando em ovos, com medo da canetada, mas a tentação é grande. Fala mais alto, porém, a prudência. Alguns candidatos lambem o beiço, esperando a oportunidade de processar jornalistas.
Nas zinleições atuais eu já experimentei a canetada do juiz. Um candidato me processou. Tive sorte porque o magistrado, sóbrio e seguro, não aceitou os argumentos do autor e indeferiu a petição inicial. Mas o gosto amargo da revolta ante a injustiça que se quis praticar ainda permanece preso no meu revoltado peito.
Prometi a mim mesmo manter distância desse moído. Não sou candidato, não tenho pretensões de ser um dia, depois de dezembro volto sem sombra de dúvidas ao meu lugar de origem, de modo que me sinto a cavalheiro para ficar de longe espiando e achando graça.
Mas não aguento a tentação de meter o bedelho na história, quando vejo desfilar diante das minhas retinas cansadas pelo tempo de uso as mentiras e o cinismo de certos profissionais da política.
É um pouco demais para minhas combalidas tripas.
É abusar demais desse velho caminhante.
Por isso me desfaço da antiga disposição e me pego falando de novo sobre um assunto que queria arquivar na memória e na minha história de vida.
Queria, mas não posso.
Isso somente acontecerá quando o eleitor aprender a se amar e não se prestar mais ao papel de joguete desses espertinhos.
Será que isso um dia vai acontecer?
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