Tá achando ruim, Doutor Moro? Então faz arminha!

Gostaria de perguntar a Sérgio Moro qual foi a chance que ele deu a Lula para se defender, se explicar, contestar e contradizer o que se dizia contra ele, antes de levá-lo à cadeia por mais de ano.

Moro mandou prender Lula antes de ouvi-lo, o processo sequer estava instruído. Lula foi preso e espetacularmente levado à Curitiba, debaixo dos holofotes da imprensa e do olhar espantado de um povo que via o espetáculo e não entendia nada.

Agora Moro reclama pelo contraditório, o mesmo contraditório que ele negou a Lula. Nem ver o irmão morto Lula viu. E para se despedir do neto morto, teve que ser escoltado por homens da federal armados até os dentes.

Aliás, desde quando no Brasil se prende depois de garantir o direito ao contraditório e a ampla defesa? Casos se multiplicam por aí. Aqui na Paraíba temos o de Ricardo Coutinho, preso quando o processo dele sequer fora recebido pela Justiça.

O que Moro enfrenta agora é a lei do retorno. Ele feriu com o ferro da covardia e agora está sendo ferido pelo ferro da Justiça. E os seus pecados são muito maiores do que os de Lula, porque se a Lula foi atribuído crime pela posse de um apartamento e de um sítio que nunca foram dele, a Moro se atribui um rosário de culpas e de arbitrariedades que comprovadamente ele cometeu.

A juíza do Trabalho Raquel Braga,que integra a Associação Brasileira de Juizes pela Democracia, relaciona os crimes do ex-juiz no exercício da magistratura:

“O primeiro crime é o abuso de autoridade, quando testemunhas são conduzidas coercitivamente, como no caso do Lula, sem o convite, sem intimação e não se negam a depor”.

O outro crime que deve ser apurado, segundo ela, é o de improbidade administrativa. O funcionário público e o agente político, como é o caso do Moro, não pode do seu ato de ofício auferir vantagens. “Moro, com o processo contra o Lula, eivado de nulidades, o afastou das eleições. E Bolsonaro eleito, escolhe Moro como ministro da Justiça e promete a ele um cargo para o Supremo Tribunal Federal”, afirma.

Outro crime, ainda, é o de prevaricação. “No caso João Santana, Moro retarda a denúncia do Ministério Público, deixando as peças sob o seu controle, sem enviar para o Supremo Tribunal Federal”, diz a juíza.

E, por fim, também a ser investigada é a formação de quadrilha, com a constituição de uma instituição que inicialmente tinha capa de viés pedagógico, mas no fim almejava auferir lucros. “Portanto, a cada vazamento, essa questão de palestras, de pagamentos se torna mais grave”, alerta Raquel.

E para fechar o firo, veio o motivo da denúncia do MPF pedindo a sua prisão: Ele simplesmente disse que o ministro Gilmar Mendes vendia habeas-corpus.

Tá achando ruim, Doutor Moro? Então faz arminha!