Miguel Lucena
Técnico de futebol bom era Zé de Ana. No comando do Cancão de Princesa, mantinha os jogadores em rédea curta, para que rendessem o máximo no domingo, dia de jogo no campo do Sítio Laje, cujos alambrados eram feitos de aveloz.
Pelas regras de Cumpade Ruscano, jogador do Cancão só podia fazer sexo de segunda a quinta, para não chegar sem energia no domingo; cachaça, só uma bicada durante o jogo, para criar coragem. Era muito difícil fazer um gol em Mitonho, depois que ele tomava um copo de cana passado a “paeta”.
Cada jogador tinha sua posição certa. Não era como na seleção brasileira atual, onde um volante defensivo como Fred fica na frente tentando fazer gol e deixando a zaga desguarnecida.
A defesa era segura (me lembro de Mário Simplício e Chico de Ana), o meio de campo forte (Tonheca, Zé de Abdias, Eleno de Bií e Chico de Conceição) e o ataque, poderoso, com Arlindo, Lourinho, Zé Calunga e Zé da Prestação, e mais tarde Elenildo. Quando alguém do Cancão se machucava e o jogo era com um time de fora, tomavam-se de empréstimo atletas do Central (Cotoco, o melhor de todos) e do Esplanada (o banheirista Zé Pedão).
Aquele penâlti contra a Croácia que o juiz não marcou jamais passaria batido com Zé de Ana no comando do Cancão. Ele teria puxado o 38 canela fina e teria corrido para a área adversária, gritando: “Foi pênis”!
Se alguém achar que eu estou inventando, é só ir conferir: Zé de Ana vive em Princesa, admirado por todos, perto dos 90 anos.
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