Miguezim de Princesa
I
O mineiro ia passando
Pela Rua Guaicurus
Quando avistou uma donzela,
Mostrando seus dotes nus,
E já propôs uma noitada
No Motel Amo Cuscuz.
II
Sequer acenderam a luz,
Foram logo se pegando:
– Uai, sô, a moça é quente,
Com ela eu vou me ajeitando!
E assim em BH
Passaram a noite se amando.
III
Quando o dia foi raiando,
A garota se lembrou
De acertar o programa,
Pois preço não combinou,
No vexame de coisar
Nem honorários cobrou.
IV
– É 500, meu senhor! -,
Disse a moça, se acordando.
E o mineiro: – Uai, sô?
Estava me apaixonando,
Pensei que era por amor
Que nós dois tava coisando!
V
Surpreso com ela cobrando,
Sentindo certo embaralho,
O mineiro abriu a bolsa,
Ainda no atrapalho,
E tirou de lá de dentro
Vistoso queijo de coalho.
VI
A moça deu um “desmalho”,
Gritou que era baixaria
Pagar com queijo de coalho,
Pois queijo ali não valia,
E os dois foram parar
Dentro da Delegacia.
VII
O Delegado Garcia
Propôs conciliação:
O queijo e um celular,
Que o homem tinha na mão,
E trinta couros de rato
Que ele escondia no sapato
Pro mode comprar o pão.
VIII
Feita a conciliação,
Cada um foi para uma praça,
O homem seguiu pensando:
– Ô povo ruim da desgraça!
Seja do jeito que for,
Agora eu só faço amor
Se souber que é de graça!
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