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UM BREVE PASSEIO PELA CIDADE

6 de agosto de 2020

 

José Ventura Filho

Hoje conheci o centro urbano da cidade de João Pessoa da forma como queria conhece-lo; do meu jeito de imaginá-lo e de andar sobre as linhas da admiração e da imaginação, costuradas pela rota do tempo… Tudo isso sob os passos longos, largos e calmos, banhados pelo calor ardente de um sol amigo e companheiro das inquietações e das emoções de outrora, que ali estava a conduzir toda a minha caminhada programada a um compromisso que adiante estava a me esperar…

Vi e revivi cenas inesquecíveis, vestidas em outras roupagens, onde a pressa dos afazeres e dos compromissos, firmados pelos profissionais liberais, funcionários públicos e populares, em geral, eram inimigos dos passeios livres, românticos, prazerosos, místicos e turísticos de outrora, empreendidos em prol da preservação do patrimônio histórico e emocional, donos dos sonhos há muitos insistidos pelos amantes da natureza e da história da nossa cidade… E eu ali extasiado no meio daquele burburinho de uma multidão fracionada…

Os pisos das calçadas; das praças; das casas e dos prédios antigos acompanhavam-me com ternura e, ao mesmo tempo, com temor pelos seus destinos em face do avanço urbanístico desenfreado e arquitetados pelas mãos frias e inertes dos homens vestidos em ternos e planos modernos que ora vêm dizimando todo um passado recheado de glórias e de momentos memoráveis.

As sombras das árvores frondosas e seculares, já órfãs dos cantos dos passarinhos e dos carinhos dos namorados, em frente aos meus olhos esbugalhados, resistiam a todo custo esse processo assombroso e escabroso empreendido pela especulação imobiliária, reluzindo, apenas, aos meus encantos como forma de agradecimento por ainda estar ali na minha companhia.

E assim voei até onde podia voar nos braços da contemplação e da felicidade; mas, de repetente, sem hesitação e compaixão, sons estridentes e incontroláveis dos carros e da realidade gritavam ao meu ouvido avisando do compromisso à ida de uma instituição  calculista e desumana que só pensa em lucros e nada mais, a qual me ofereceu apenas senhas e outras vantagens financeiras as quais nunca chegarão a ser comparadas ao  preço do valor sentimental desse breve passeio emocionado em que fui contemplado por essa linda cidade.

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