Na história do cangaço existiram dois Coriscos. O primeiro, lugar tenente de Lampião, era conhecido como o Diabo Loiro por causa dos seus cabelos dourados que desciam até os ombros. Mas também havia o Corisco Preto, admirador do Louro e tão cruel quanto ele.
Chamava-se Manoel Luiz de Jesus e era sergipano. E foi em Sergipe que ele praticou um dos crimes mais bárbaros dos já praticados por cangaceiros.
Era um domingo, quatro de janeiro de 1931. José Conrado, residente na zona rural de São Paulo (atual Frei Paulo) acabara de jantar e se preparava para dormir quando ouviu batidas na porta. Perguntou quem era e de fora responderam que se tratava de dois amigos seus. Conrado não reconheceu as vozes e não abriu. Na verdade, quem estava batendo era Corisco Preto, acompanhado do cangaceiro Andrelino Bispo de Jesus.
Como José Conrado não abriu a porta, os dois a arrombaram a golpes de mosquetão. Entraram pedindo dinheiro, cobrando a quantia de 20 mil réis que José Conrado jurou não possuir. Vasculharam todos os cômodos da casa, tentaram estuprar a mulher e a neta do agricultor, que escaparam pela porta da cozinha, e no final, arrastaram José Conrado para o terreiro e ali, a golpes de punhal, arrancaram os seus testículos.
Manoel Luiz de Jesus, o Corisco Preto, nasceu no dia 3 de janeiro de 1897 em Frei Paulo, município localizado numa região limiar entre o agreste e o sertão de Sergipe, caracterizada por longas estações sem chuva, com secas frequentes, vegetação grotesca e solo geralmente árduo. Seus pais – Luiz Manoel Tavares e Clara Maria de Jesus, casados civil e religiosamente – tiveram oito filhos. Eram de origem negra, pobres, analfabetos, pequenos lavradores.
Manoel , aos 13 anos, viu seu pai ser assassinado. Na condição de arrimo de família, trabalhou para sustentar a mãe e os irmãos e só aos 19 anos se casou. Desse casamento nasceram duas filhas. A primeira morreu aos sete anos e a outra em decorrência de um estupro praticado por um homem casado.
Ele não praticou vingança, mas se tornou bandido. O bandido mais violento do sertão de Sergipe.
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