opinião

Um gabinete cheio de coisas estranhas

26 de agosto de 2021

Miguel Lucena

Réu no Supremo Tribunal Federal por peculato, acusado de desviar verba pública destinada à contratação de funcionários, o deputado federal João Carlos Bacelar Filho (PL/BA) tem um gabinete com uma estranha energia: assessores e ex-assessores do parlamentar aparecem, de vez em quando, envolvidos em crimes.
Nesta quarta-feira, o advogado e ex-assessor Paulo Ricardo Moraes Milhomem, 37 anos, foi preso em flagrante pela Polícia Civil do DF, por homicídio tentado, depois de atropelar, intencionalmente, segundo testemunhas, uma mulher com quem discutira minutos antes no trânsito.
No dia 3 de março deste ano, a 4a fase da Operação Falso Negativo realizou busca e apreensão na casa de Fábio Gonçalves Campos, que teria intermediado a contratação de uma empresa que forneceu testes de covid-19 ao GDF a preços superfaturados. Ele era assessor de João Carlos Bacelar Filho até a deflagração da primeira fase da operação, em agosto de 2020.
O gabinete do parlamentar empregou uma empregada doméstica que nunca saiu da Bahia. Segundo o deputado, a mulher matava e morria por ele.
Por ali passou também o ex-carcereiro Marcos Lima, que teria recebido do deputado um apartamento de luxo na orla marítima de Salvador em troca da liberação de emendas no primeiro governo de Dilma Roussef. Os recursos eram distribuídos para a base eleitoral de Bacelar e investidos em obras realizadas pela empreiteira do político, segundo a Revista Veja.
Marquinhos, o amigo que andava de ônibus, passou a andar de Range Rover preta, com motorista, a jogar golfe e a fumar charuto cubano.

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