No amplo salão do Palacete dos Pereira, transformado em hospital de sangue para atender os feridos da guerra, corpos se amontoavam em camas improvisadas. Mutilados gemiam e os gemidos se misturavam entre os homens do coronel e os da polícia.
O coronel inspecionava tudo, dava ordens, determinava as prioridades ao único médico da cidade, Severiano Diniz, e aos enfermeiros improvisados.
Mais tarde, descansando na cadeira de balanço em sua casa, na rua principal de Princesa, o coronel José Pereira foi despertado pela chegada do prisioneiro, Sargento João de Sousa, escoltado por um pelotão de homens armados.
José Pereira cumprimentou o recém chegado e informou que ele iria encontrar na cidade outros prisioneiros, no hospital e nas fileiras de suas tropas. Esses últimos eram desertores que optaram pelo coronel em razão do bom tratamento recebido e dos salários superiores aos que eram pagos pelo Governo.
Olhando nos olhos do sargento, Pereira perguntou:
-Se o libertasse agora, o senhor ficaria ao meu lado?
O sargento João de Sousa não pensou duas vezes:
-Embora lhe deva atenções, coronel, se for posto em liberdade retornarei a Tavares e continuarei lutando em obediência às determinações do presidente do Estado.”
A guerra acabou e o sargento João de Sousa, ao morrer de velhice, ocupava o posto de coronel.
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O sargento João de Sousa, foi um militar disciplinado. Era natural de Pirpitituba-PB. Ingressou na PM como soldado em 1922. Lutou no episódio de Princesa Isabel, mas, não consta no meio familiar que tenha sido feito prisioneiro. Foi reformado no posto de Coronel em 1972, entretanto, seu falecimento ocorreu no ano de 1992, aos 89 anos, aqui na cidade de Campina Grande e seu corpo foi sepultado no Cemitério do Monte Santo, A família agradece pela lembrança do bravo militar.