RAMALHO LEITE
A eleição para vereadores em Bananeiras, em 1955, resultou na seguinte composição da Câmara: Eloi Farias, Arlindo Rodrigues Ramalho, Cláver Ferreira Grilo, Claudio da Costa Maia, Antônio Vaz de Oliveira, Manoel Leonel da Costa, Manoel de Medeiros Guedes, Antônio Barbosa da Costa, pela ordem de votação. Essa câmara, resultado de um acordo partidário, está registrada apenas com oito membros nos arquivos do Tribunal Eleitoral, todavia, nas atas dos trabalhos legislativos encontramos ainda o nome do vereador Jaime Pereira, completando os nove membros que compunham a câmara de então.
Um assunto que dominou os debates daquele final do ano de 1956 foi a presença em Solânea de um padre da igreja fundada pelo Bispo de Maura. Segundo o vereador Eloi Farias, que provocou o debate, aquele padre está desrespeitando o vigário local e invadindo a área de Bananeiras, casando e batizando sem o cumprimento das formalidades exigidas pela igreja Católica. O vereador Arlindo Ramalho foi solidário ao pronunciando do seu colega Eloi Farias pois aquele padre realmente “desrespeitou o nosso representante da Igreja, casando uma moça com um homem sem saber se eram casados ou não.”
O vereador Arlindo denunciou que a maternidade local possui um automóvel que vive fechado na garagem. Apelou então, ao presidente da Maternidade, para que utilize esse veículo para o transporte de parturientes uma vez que o prefeito comprometeu-se em fornecer o combustível e o motorista. Por outro lado, dirigiu apelo ao ministro Mario Pinotti, da Saúde, para que mandasse fiscalizar a implantação do abastecimento d´água de Borborema cujos canos eram de pequena dimensão. Em sessão seguinte, o mesmo licurgo abordou a rivalidade que considerou descabida entre Solânea e Bananeiras, citando o exemplo do comerciante Nicolau Lucena que partiu de Bananeiras com um caminhão de bebidas por ele produzidas e que não foi permitido que as vendesse no novo município. Estranhou que, enquanto o Brasil mantinha intercâmbio comercial com inúmeros países, Solânea não permite a compra de produtos de outros municípios em sua praça.
A presença da Miss Paraíba em Bananeiras foi motivo de saudação da Câmara Municipal através do vereador Antônio Vaz. Dando conta da missão, foi registrado que o vereador revelou-se muito satisfeito e honrado, “visto suas palavras terem suado bem no íntimo dos que lhe ouviram e que agradecia ao sr.Presidente e seus pares a confiança nele depositada para apresentar em nome desta casa os votos de boas-vindas aquela augusta criatura, que representa a beleza excelsa da mulher paraibana”. Naquele ano de 1956, os trabalhos foram encerrados com a leitura de um telegrama do Presidente Juscelino (JK) desejando “os melhores votos de boas festas” a todos os vereadores.
O ano legislativo de 1957 foi iniciado com o processo de eleição da mesa diretora, presidida pelo vereador Cláver Ferreira Grilo. Por proposta do vereador Arlindo Ramalho, a eleição foi feita por aclamação e a unanimidade da Casa apoiou a recondução de todos os integrantes da comissão executiva, inclusive o vereador Arlindo, novamente primeiro secretário. Em janeiro daquele ano, a cidade de Passa-Quatro, em Minas Gerais, sofreu uma tragédia. A câmara solidarizou-se com os mineiros, que agradeceram a manifestação. Os vereadores eram antenados com os acontecimentos nacionais. Assim, manifestaram ao presidente Juscelino seu regozijo pela v isita do presidente português Craveiro Lopes e o “agradecimento pela sua visita à nossa Pátria”, frisou o vereador Antônio Vaz.
A maternidade de Bananeiras era a menina dos olhos dos vereadores. Seus serviços sofreram uma paralização e se requereu ao Governo do Estado que mantivesse em dia os repasses que garantiam o funcionamento daquele equipamento. O vereador Arlindo Ramalho aproveitou para lembrar as pessoas que influenciaram na sua construção, a exemplo de Pereira Lira e Osvaldo Trigueiro além do deputado Clovis Bezerra até sua inauguração pelo governador José Américo e que “não queria saber qual o partido, porém tudo que viesse em benefício de Bananeiras estava de acordo”. Todos os vereadores foram unanimes em desejar a reabertura da maternida de. Arlindo Ramalho era também cordato com seus adversários. Exemplo disso foi o registro que fez em 11 de dezembro de 1957, da passagem do aniversário do seu colega e adversário político em Borborema, vereador Antônio Costa. Este, na sessão seguinte agradeceu “a manifestação de que foi alvo pelo seu natalício e que as palavras do vereador Arlindo Ramalho tinham tocado em cheio o seu coração e que agradecia sensibilizado”. Os demais vereadores se solidarizaram com o aniversariante. O ano legislativo foi encerrado com o lamento geral pela mudança do dr.Mariano Barbosa para a capital, com prejuízo à população que dependia desse prestimoso médico.(DO LIVRO EM PREPARO, “UMA CANDEIA ESPEVITADA DA UDN”
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