Ramalho Leite
Pediu-me a aniversariante para apresentar o seu livro- AO SABOR DO DIÁLOGO. O livro é uma antologia do que se disse, ao longo de anos, sobre essa oitentona com alegria de debutante. De Kubitschek Pinheiro a Walter Galvão. De Gonzaga Rodrigues a Luiz Augusto Crispim, passando por José Nunes, Graça Santiago ou Sitônio Pinto. Uns aqui presentes, outros visitando paragens desconhecidas, mas uníssonos, com referencia à nossa homenageada: “foi moldada para não dizer o que não pensa” (Gonzaga Rodrigues).
Por isso, seus depoimentos sobre a obra de Ariano e Zé Lins ou a Bagaceira de Zé Américo refletem a crítica precisa, mas sobretudo, a “mulher forte, decidida e audaz, que não arreda um milímetro de suas convicções” como proclamou sua confreira Graça Santiago. O seu modo de ler e “ver o que os outros não vêm”, destaca Gonzaga, “descobre antecipações que passaram batidas na leitura de O Moleque Ricardo, como a contemporização com os amores de Seu Manoel, em Usina: “Um homem com três mortes, fazendo coisas assim, feito uma mulher no cio”. Admirava-se o moleque. Recentemente, Ângela lotou a Academia de Letras de professores da rede de educação estadual para lhes ensinar os caminhos dos engenhos, onde o moleque Ricardo ou o menino Carlinhos viveram sob a influência do coronel Zé Paulino.
Com tanta gente falando e escrevendo sobre Ângela Bezerra de Castro e que resultou nesse volumoso diagnóstico de uma vida dedicada à cultura, que mais pode dizer esse seu conterrâneo das Bananeiras?
Digo , apenas, que me sinto honrado por ter sido escolhido para essa missão. Se tivesse sido perguntado, mudaria o nome do livro para O QUE OS OUTROS DISSERAM. Por que, o que disseram seus críticos ou os seus admiradores ganha o selo da perpetuidade com essa publicação, que não reflete a vaidade da homenageada, mas a história de uma mulher respeitada e admirada pelos seus contemporâneos.
Ângela, a Academia Paraibana de Letras que teve em você a primeira mulher a presidi-la, se faz presente nesta festa. Recentemente, sua Assembleia Geral criou uma comenda para homenagear os que contribuíram, com destaque, para a cultura do Estado da Paraíba ou do Brasil. A honraria ganhou nome e sobrenome: Medalha Oscar de Castro, o primeiro socio eleito e seu presidente por longos 25 anos. Você, Ângela é a primeira contemplada com esse diploma e medalha, na data do seu aniversário.
Era o que tinha a dizer…
Convido-a a receber a Medalha Oscar de Castro. (Pequeno discurso para uma grande mulher)
Sem Comentários