opinião

Uma versão pirata da Lava Jato na Paraíba

23 de dezembro de 2019

A verdade vencerá, e aqueles que manipulam os meios de execução da justiça serão julgados pela história

José Artigas
  • Brasil de Fato | João Pessoa (PB)

Ex-governador, Ricardo Coutinho é considerado a principal liderança política da Paraíba / Reprodução/Facebook

A operação Calvário, ou “Lava Jato da Paraíba”, vem utilizando os mesmos procedimentos arbitrários e ilegais para constranger os adversários, pois é assim que os “denunciados”, portanto não indiciados ou julgados, vem sendo tratados pelo Judiciário.

A versão pirata do lavajatismo também age ilegalmente em conluio com o Ministério Público (MP). Os direitos e garantias legais dos denunciados vêm sendo sistematicamente tolhidos, as prisões decretadas não encontram justificações legais ou amparo em provas materiais, mas essencialmente em delações.

Os áudios colhidos e divulgados pela justiça vem sendo utilizados para fazer transparecer a existência de provas materiais, mas, pelo que foi divulgado até agora, não provam nada e nem tampouco justificam as prisões preventivas. Percebe-se no péssimo texto da denúncia do MP (parece que para ser procurador é preciso ser semi-analfabeto) a intenção de ajustar os áudios à narrativa construída pelo Parquet mas, de fato, não comprovam ilicitudes.

Novamente, é o conjunto da obra que vem sendo o mote central do argumento do MP, procurando criminalizar a política, como patente na sugestão de que doações legais de campanha seriam fruto de corrupção derivada de contrato que ainda não havia sido firmado, um absurdo lógico do ponto de vista legal.

O mandado de prisão de Estela Bezerra foi um atentado contra a independência do Legislativo em ato de claro abuso de poder e negação do equilíbrio entre Poderes. Jamais poderia ser expedido mandado de prisão de parlamentar em exercício sem a autorização prévia da Casa legislativa. O desembargador sabia disso mas, mesmo assim, afrontou o Legislativo e o Supremo Tribunal, que consolidou o entendimento acerca do tema há pouco tempo.

As demais prisões, também arbitrárias, foram amparadas em mandado expedido por um juiz que, seguindo a turba de Curitiba, também se amparou antes na denúncia do MP que em suas próprias alegações, de tal forma que a maior parte das 200 páginas do processo são cópias literais da peça do MP. A diferença para o modus operandi da quadrilha de Curitiba é que o juiz, aparentemente menos ignóbil que a juizeca paranaense, não incorreu em crime de plágio, pois se preocupou em colocar aspas nos longos trechos da denúncia replicados no mandado.

Como em Curitiba, o juizado está articulado com as ações do MP e da PF, tão espetaculosas quanto as ocorridas sob a gerência de Dallagnol e Moro. Aqui, como lá, a Globo e parcela da mídia venal vêm chocando o ovo do fascismo, dando guarida a um Estado de Exceção que obsta a consecução de um Estado Democrático de Direito, pois a jurisdicionalidade é preservada sem que a aplicação do direito seja universal, o que é fomentado por um judiciário ativista e interessado, que usa de lawfare para combater seus adversários políticos. Nada diferente do roteiro que conhecemos.

Temos que combater o arbítrio e defender o devido processo legal e as prerrogativas de direitos e liberdades que a Carta maior deveria assegurar em uma circunstância de respeito à lei. A luta contra o lawfare é uma exigência para o resgate do Estado de Direito. Toda solidariedade ao ex-governador Ricardo Coutinho, o melhor que a Paraíba já teve. Solidarizo-me ainda com as guerreiras Estela Bezerra e Cida Ramos, que são as primeiras parlamentares paraibanas sem vínculos oligárquicos em toda a história do Legislativo estadual.

Toda solidariedade também à prefeita do Conde, que vem promovendo uma verdadeira revolução na administração pública da cidade e que, sem justificativas plausíveis, também foi submetida a uma ilegítima prisão.

A verdade vencerá e aqueles que manipulam os meios de execução da justiça serão julgados pela história, já que o CNJ é órgão de garantia de privilégios corporativos para os magistrados criminosos. A sociedade paraibana precisa se mobilizar para lutar pela verdade e pelas garantias legais de pleno direito de defesa. Que os denunciados sejam ouvidos e apresentem suas defesas e se investigados e, eventualmente, julgados, que o sejam por meio de um sistema justo, respeitados os devidos processos legais, que parecem ser desconhecidos pelo lavajatismo pirata paraibano.

*José Artigas é cientista político e professor da UFPB

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5 Comentários

  • Reply LAVOISIER 23 de dezembro de 2019 at 17:51

    Eu defendia Ricardo Coutinho em qualquer ocasião, mas, o meu caráter me leva a fazer uma perguntinha: o que Bixiga um governador de estado se expõe conversando com um dirigente de uma OS?

  • Reply Adenilson 23 de dezembro de 2019 at 19:11

    MEU CARO CIENTISTA, INFELIZMENTE TENHO QUE ESCREVER ESSAS LINHAS SIBRE ESSE ASSUNTO QUE JAMAIS NA MINHA CABEÇA IRIA IMAGINAR. SOU ELEITOR DE RICARDO DESDE OS MEUS 16 ANOS, PRIMEIRO VOTO JA FOI NAQUELE POLITICO DE JEITO DIFERENTE DA NOSSA ENVERGONHOSA POLITICA . AQUI VOS FALA UM GRANDE DEFENSOR DA POLITICA E DI GOVERNADOR RICARDO, QUE ME ORGULHOU EM TODOS OS CARGOS QUE PASSOU. DISCUTI, FIZ A BOA BRIGA, COMBATI OS VELHOS PENSAMENTOS , CONQUISTEI O APELO DAQYELES QYE OENSAVA O CONTRARIO, FIZ ISSO SEM NUNCA TER TIDO UM FAVOR DE NINGUEM, SOU UM TRABALHAADOR DO SETOR PRIVADO, SOU DE FAMILIA HUMILDE , NENHUM NUNCA SE BENEFICIOU DE NADA DE POLITICO, NENHUMA ESMOLA , NENHUMA VENDA DE VOTO, TODOS SOMOS RICARDO, MAS INFELIZMENTE DE AGORA EM DIANTE VOU APENAS DEFENDER SUAS OBRAS, POIS SUA IDONEIDADE NAO TENHO COMO MAIS DEFENDER COMO SEMPRE DEFENDI.

  • Reply Zé Bedeu 23 de dezembro de 2019 at 21:25

    Acredito em Ricardo, continuou votando no mago. Ontem foi muita gela comemorando o mago free!

  • Reply Fabiano Vieira da Costa 23 de dezembro de 2019 at 23:15

    PS. Sou Um Trabalhador da Iniciativa Privada, e Sempre me Orgulhei Desse Homem que resolveu fazer política de um Jeito Diferente. Desde 1992 que Acompanho Sua Trajetória política. que Jamais Tinha Sido Manchada. O Tempo é o Senhor da Razão. Quem Sou Eu Para julgar. Mais Infelizmente o Meu Admirado Ricardo me Deu o Poder da dúvida, poder Esse que Jamais Queria Ter. Abraços Meu Querido Tião.

  • Reply Fred 24 de dezembro de 2019 at 00:05

    Faço aqui uma advertência!! Lembrem -se dos áudios gravados pela lava jato e entregues a grande mídia por Moro: a narrativa dos procuradores e da Globo era de que nos áudios, Lula estava maquinando para virar ministro! Embora Lula tivesse recebido conselhos para fazer isso( e eu acho que ele deveria, pois estava sendo perseguido por um juiz infame e militante político de extrema direita), o verdadeiro áudio, em sua inteireza mostrou que moro editou o vídeo e moldou conforme a narrativa mentirosa do MP e da Globo. No vídeo, a parte escondida e não publicada, que desagradava os anseios dos seus perseguidores, Lula dizia claramente “que nao aceitaria se tornar ministro pra fugir da quadrilha de curitiba! Mas essa parte foi inescrupulosamente ocultada. O que eu acho estranho, não quero que me levem a mal, é alguém achar estranho o governador conversar com um representante de uma empresa terceirizada que administra parte da saúde do Estado. Só peço que reflitam: apenas comparem o patrimônio do ex-governador com o das autoridades que o perseguem.

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