Zé Papada tinha fama de brabo, mas os da sua intimidade sabiam-no frouxo. Só tinha bafo de boca, arranco no cu feito foguetão, ensaio de rabo, farofa e teatro. Na hora H corria que dava gosto. Sem falar nos choros que derramava entre quatro paredes pedindo perdão aos desafetos e se dizendo perseguido e incompreendido.
Mas conseguia tapear o distinto público. Tanto conseguia que chegou a ser eleito guarda noturno do bairro, envergando o tonitroante slogan de “tolerância zero” e “bandido bom é bandido morto”.
Os desinformados eleitores mal sabiam que estavam escolhendo um vigia que fugiria à primeira investida, ao primeiro tiro, ao espirro mais vigoroso, como fugiu quando se defrontou com a quadrilha de Focinho de Vaca no Estado do Rio Grande.
Conta-se que a corrida foi tão grande que ele esqueceu até mesmo as banhas e, com o mocotó batendo na alça da bunda, foi parar em São Bento do Uma.
Muito embora tenha tido a cara de pau de voltar, dia seguinte, quando os bandidos jaziam mortos no chão da pousada de Rita Quarto de Bode pelas balas dos outros vigias e, na maior desfaçatez, pegou uma espingarda e perfilou-se ao lado dos defuntos para a fotografia mais tarde estampada nos jornais.
Ele só tomou o bonde errado e não teve como esconder do público a sua larga frouxura quando inventou de bater boca com seu colega de profissão, Chico da Horta, durante um programa na difusora A Voz da Liberdade.
Chico o chamou de “cabra de peia” e o desafiou para um duelo no meio da rua.
Zé Papada não foi, não mandou representante e somente quando Chico da Horta se encontrava na penumbra do seu descanso nupcial, apareceu no meio da rua segurando um facão rabo de galo e gritando “cadê ele? Cadê ele?”
1 Comentário
Qualquer semelhança não é mera coincidencia kkkkkk