MARCOS MAIVADO MARINHO
Até na hora da caridade pública, ou da solidariedade humanitária, a atual legislatura da Câmara Municipal de Campina Grande, considerada uma das piores de todos os tempos, dá vergonhosa mostra de pequenez.
Os edis, em plena pandemia do novo coronavírus, não se entenderam mais uma vez semana passada quando um deles teve a idéia de fazer uma “vaquinha” para juntar recursos que pudessem comprar um ou mais respiradores para doar ao Hospital público municipal Pedro I, referenciado para tratamento da COVID-19 no Município.
A iniciativa, segundo o jornalista Lenildo Ferreira, que é Chefe de reportagem da rádio Campina FM e mantém influente blog na internet, buscava agregar pelo menos um aparelho ao esforço que outros setores da sociedade vêm fazendo para ajudar os poderes públicos nesse momento de crise sem precedentes causada pelo coronavírus. Ele cita exemplos: “que um grupo de cidadãos já doou mais de 10 aparelhos, um jogador (Hulk) de futebol doou um aparelho, e o Forum Afonso Campos repassou recursos para a compra de outros quatro”.
Mas a ‘vaquinha’ da Câmara de Campina Grande por muito pouco não foi para o brejo, como se diz no jargão popular. Alguns vereadores queriam ampla divulgação do ato e outros – a minoria – defendiam sigilo, sob a justificativa de que a noticia se fosse espalhada aos quatro cantos da cidade poderia render dividendos eleitorais isolados para alguns, o que seria reprovável.
Um deles, o vereador Alexandre do Sindicato, que somente veio a entrar na lista depois que seu nome foi dado por Lenildo como um dos três que “não aceitaram” fazer parte do rateio, justificou que sua negativa havia sido dada exatamente porque já estava observando alguns dos seus colegas estavam se promovendo com o ato, por ele desaprovado uma vez que é cristão e há muito tempo estende a mão para os mais necessitados e participa quase que diariamente de campanhas para ajudar aos menos favorecidos da sorte, sem nenhuma publicidade disso.
Aludiu a sua exclusão da lista de doadores a uma suposta má fé que “volta e meia se manifesta em relação ao meu nome” e que decorreria da tentativa de deslustrar o trabalho que realiza na Câmara Municipal de Campina Grande desde 2013 “com vigor, disposição, paixão, fé e coragem”.
Irritado porque a campanha já estaria servindo de promoção para alguns dos seus colegas, desafiou: “ao invés de um respirador, vamos comprar dois?”.
Dos quase 30 Vereadores que integram hoje o colegiado do Legislativo campinense, entre titulares licenciados e suplentes em exercício, somente 17 deles (incluindo Alexandre do Sindicato) assinaram a “vaquinha”: Sargento Neto, que teria sido o idealizador da proposta, Saulo Germano, Saulo Noronha, Antonio Pimentel, Marinaldo Cardoso, Jóia Germano, Nelson Gomes Filho, Aldo Cabral, Janduí Ferreira, Galego do Leite, Bruno Faustino, Anderson Maia, Olímpio Oliveira, Rodrigo Ramos, Luciano Breno, Alexandre do Sindicato e Márcio Melo.
Disseram explícitamente que não aceitariam assinar a lista Rui da Ceasa, Josimar Henrique e Ivan Batista.
Em “cima do muro” e sem contribuir com a “vaquinha” ficaram a presidente Ivonete Ludgério, Preto do Catolé, Rennan Maracajá, Teles Albuquerque e João Dantas.
PREÇO DO RESPIRADOR
O preço de um respirador pulmonar varia bastante hoje no mercado e seu preço foi reajustado para cima em face do aumento da procura, mas é possível adquirir um bom equipamento na faixa dos R$ 40 mil, o que significa dizer que cada um dos 17 vereadores teria contribuído com apenas R$ 2.350,00, algo em torno de 17.5% do subsídio mensal. Se acaso todos os vereadores tivessem entrado na lista, esse valor cairia individualmente para algo em torno de R$ 1.480,00.
AGRADECIMENTO DO PREFEITO
O respirador foi comprado e entregue ao prefeito Romero Rodrigues e ao secretário de Saúde Felipe Reul, em solenidade simples no próprio Hospital Pedro I.
Romero agradeceu o gesto:
– “Quero registrar meu muito obrigado, na certeza de que vai ajudar a salvar muitas vidas. Precisamos desse gesto de solidariedade, que tem sido uma constante a cada dia em nossa cidade”.
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