O ministro Sergio Moro perdeu, nesta sexta-feira, um apoio importante: o da revista Veja, que foi uma peça importante na guerra de propaganda contra o ex-presidente Lula, durante a Operação Lava Jato. A capa da edição desta semana diz que ele ‘desmoronou’ e sinaliza que praticamente toda a imprensa do Brasil e do mundo, à exceção da Globo, já considera incômoda a sua presença no governo. Veja também o vê como criminoso e diz que seus diálogos contêm claras transgressões à lei.
Ontem, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, disse que Moro cometeu crime e disse que a sentença contra Lula será anulada. “O chefe da Lava Jato não era ninguém mais, ninguém menos do que Moro. O Dallagnol, está provado, é um bobinho. É um bobinho. Quem operava a Lava Jato era o Moro”, disse Gilmar. “Eu acho, por exemplo, que, na condenação do Lula, eles anularam a condenação”.
“Mendes viu até a prática de um crime nas conversas vazadas. ‘Um diz que, para levar uma pessoa para depor, eles iriam simular uma denúncia anônima. Aí o Moro diz: ‘Formaliza isso’. Isso é crime’, avaliou Mendes, referindo-se a um trecho das mensagens em que Dallagnol escreveu que faria uma intimação oficial com base em notícia apócrifa, diante da negativa de uma fonte do MPF de falar”, aponta. “Simular uma denúncia não é só uma falta ética, isso é crime.”
4 Comentários
Moro decretou prisão domiciliar a ele. Não vai poder frequentar restaurante, teatro, cinema enfim lugares públicos onde ele chegar com certeza será chingado. Enfim o título de ministro saiu muito caro. Com certeza ele daria tudo para voltar no tempo e agir corretamente dentro das funções a ele confiada
Ele deu “tudo” para chegar onde está hoje. E ambição dele era maior. O cargo
de ministro era só um preâmbulo (em todos os sentidos).
Não creio que ele “daria tudo” para voltar a ser um simples juiz de 1ª instância.
Quando ele deu de cara com um Alberto Youssef enxergou futuras chances pela frente,
e intuiu que logo, logo, o doleiro traria algo mais que o caso Banestado.
E quando a chance apareceu, ele fez de tudo para ela não escapar de suas mãos.
Talvez ele acreditasse que na companhia de alguém que se julgava “escolhido” para
uma “missão divina”, seus poderes eram também “divinos”.
E o “deus” que ele se julgava ser, não percebeu que tinha os pés de barro.
O que o Fernando Brito escreveu na última quarta-feira, cai como uma
luva:
GREENWALD: ONDE VAI PARAR A POPULARIDADE DO MORO COM O QUE VEM POR AÍ?
Por Fernando Brito · 13/06/2019
Como tenho dito, só Glenn Grenwald e sua equipe sabem o que mais está contido nas 1.700 páginas do dossiê “Morogate”, com as mensagens trocadas entre ele e o promotor Deltan Dallagnol, além do envolvimento de terceiros, como o recém-revelado “in Fux we trust“.
Mas ele sabe e é possívelmente daí que está tirando a sua olímpica tranquilidade ao ser destratado pela máquina morista, como aconteceu hoje na tentativa de massacre do “Pânico”.
E, como sabe, publicou há pouco no twitter, em inglês o que traduzo:
O ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro – que já foi tratado como uma divindade e super-herói no Brasil (e internacionalmente) – viu seu índice de aprovação cair 10 pontos na primeira pesquisa depois de nossas revelações sobre ele 5 dias atrás. Pergunto-me para onde irá, à medida que mais relatórios se desdobram.
Mesmo sem saber o que Greenwald sabe, arrisco-me a dizer que a erosão será maior e mais rápida assim que se desmontar a manobra diversionista da Globo e alguns outros núcleos da mídia de concentrar-se no hackeamento (suposto, é claro) das mensagens e mais na promiscuidade que elas revelam.
Se dois dias já fizeram este estrago, um mês – e parece haver munição para isso – fará uma ruína completa.
Talvez o físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite tenha acertado mais do que imaginava ao chamar Moro de Savonarolla, o padre puritano que exaltou fanáticos em Florença, no século 15. É que Savonarola, ao ser desafiado a mostrar sua divindade caminhando sobre o fogo, fugiu deste desafio, acabou excomungado e, afinal, enforcado or ordem do papa Alexandre VI.
As “escutas” e vazamentos, instrumentos de seus milagres, agora são as ferramentas de sua desgraça.
E APÓS A CAPA DA VEJA E DA ÉPOCA, O FERNANDO BRITO POSTOU:
MORO E O VENENO NAS TAÇAS ONDE O SERVIU.
Por Fernando Brito · 14/06/2019
O quase-silêncio do The Intercept ao longo dos quatro dias que se seguiram à divulgação dos primeiros diálogos ilegais entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, chefe e suchefes da Operação Lava Jato, está produzindo um efeito perigoso no ex-juiz de Curitiba: o da autoconfiança de que está blindado pela mídia e nada o atingirá.
Já atingiu, Doutor, e não adianta ficar reclamando dos métodos com que elas vieram à tona, porque são os mesmos que, ao longo de quase cinco anos, a Operação se valeu para moer reputações e dissolver o sistema de freios e contrapesos que mantinha a democracia, com todos os seus vícios, funcionando.
As capas das revistas semanais, o Dr. Moro deve se lembrar, acompanham, com outro personagem, o que fizeram ao longo deste processo.
É perceptível que se quebrou a blindagem que Moro supõe ter e de fato tinha, tanto que mesmo sua ida para o governo Bolsonaro, se fez torcer narizes entre os seus defensores na mídia – e não por razões morais, mas pelo desgaste que, supunham, isso traria – , não lhe valeu uma contestação aberta no campo conservador.
A Veja, onde sempre reinara no altar, verbaliza esta situação:
Prevalecia até agora certa benevolência com determinadas decisões do então juiz, que eram consideradas menores diante de um bem maior: seu empenho no combate à corrupção. O herói parecia inatingível, a ponto de alguns já vislumbrarem até a possibilidade de ele se engajar em projetos pessoais mais ambiciosos, como a própria sucessão de Bolsonaro. Mas essa situação começou a mudar.
Moro não tem uma estratégia de defesa, apenas a alegação de que os diálogos foram obtidos de forma ilegal e a construção precária da mídia de que as invasões foram generalizadas, como se uma quadrilha organizada estivesse atacando dezenas de celulares. Quadrilha, quem sabe, de adolescentes, pois é desconcertante que um hacker diga ao hackeado : “oi, aqui é o hacker!”.
Vai ser atropelado outra vez, provavelmente no final de semana, por outra leva de revelações – mesmo a segunda publicação do Intercept tratou apenas da primeira – e desta vez com todos à espera de que cheguem os pratos principais, com o apetite despertados pelo aperitivo surpreendente.
Moro entende deste timing, como ele próprio expressou ao pergunta se não era “muito tempo sem operação”.