Velho feliz

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Esse negócio de melhor idade só existe na teoria, na prática é a idade da gemedeira, dos tropicões e do “já fui bom nisso”. Não há como esconder essa verdade.

Há quem se iluda, achando que continua virado num traque. Bibiu mesmo é chegado a um leriado desses. Garante que, aos 72, só cansa quando termina a terceira. Eu escuto e fico dizendo pra mim mesmo: “terceira tentativa”.

Recorrer à Confraria do Manaíra Shopping eu tentei, mas saí de lá fugido. É que eu era o único adversário de Jair Bolsonaro no grupo. O restante bate continência para o Capitão e chama Lula disso e daquilo.

Lembrei de Antônio de Jericó. Ele não se rendia à idade. Na última vez que o encontrei estava saindo do motel com três lindas galegas. “Mas Ontoim, desse conta do recado mesmo?”, perguntei. Ele, mostrando a cartela de viagra vazia, sorriu: “Oxente, e eu drumo!”

Há os que não se rendem, nem se entregam ao desgosto. Lembro daquele ex-parlamentar que, aos 80, colocou uma prótese peniana. Ficava se gabando da virilidade conseguida pelas mãos milagrosas de Doutor Juarez, mas depois da caduquice costumava sair à rua nu da cintura pra baixo mostrando a indumentária em posição de sentido.

Minha neta veio me ver e contou, com jeito de quem dá boa notícia, um episódio registrado dentro do ônibus que trafegava pelo Retão de Manaíra.

Mulheres de dentro do ônibus me viram caminhando pela calçada do Retão, falando ao telefone e dando belas gargalhadas. Elas exclamaram, como se tivessem descoberto o Brasil:

– Meninas, olhem que lindo: um velho feliz!

Eu, hein!

Esse negócio de ter experiência transforma a gente em quase tudo, até em conselheiro de casal.

Edson Vidigal Filho fez uma chamada de vídeo agora há pouco para  me apresentar Gregória, sua secretária. A moça queria saber o remédio para o marido dela deixar de mijar na cama.

A pobre moça queria coisar, mas o marido, de cara cheia, pegava no sono e mijava nos lençóis.

E eu me prestei a dar o seguinte conselho:

-Derrube ele da cama e coise no chão.