Marcos Pires
Queridos leitores, preciso contar uma história e registrar dois fatos para em seguida dizer o que pretendo.
A história ocorreu numa pequena cidade do interior da Paraíba muitos anos atrás, quando uma seca inclemente abateu-se sobre o local e persistiu por vários anos seguidos. Não posso afirmar com certeza, mas me parece que ocorreu na região de Juazeirinho. Era tanto desespero que o Padre da localidade organizou uma grande procissão que terminou na praça principal da cidade, em frente à igreja matriz. Todos os habitantes da cidade compareceram, mas somente um garoto levou seu guarda-chuva. Isso se chama FÉ.
Já o primeiro dos dois fatos é facilmente constatado por qualquer um dos meus amados leitores. Observem que quando um pai ou mãe brinca jogando seu bebê para o alto, é sublime assistir a risada que a criança dá. A gargalhada existe porque o bebê sabe que na queda alguém irá segurá-lo. Isso se chama CONFIANÇA.
Vamos agora ao outro fato. Todos sabemos que somos mortais, não é verdade? Estamos carecas de saber que nossa hora pode chegar a qualquer momento. É o tal encontro em Samarra ao qual me referi aqui na semana passada. Pois bom; mesmo assim, quando vamos dormir, quase todos nós ajustamos os nossos despertadores para tocarem numa determinada hora, sem termos no entanto qualquer garantia de que na manhã seguinte estaremos vivos. Isso se chama ESPERANÇA.
Trouxe essas três palavras aparentemente simples para exercitar com vocês um raciocínio que poderá (queira Deus) nos ajudar a superar esse tempo terrível de exclusão perversa, mas principalmente nos conduzir ao outro lado do Rubicão. Só lembrando que na Roma antiga era terminantemente proibido a qualquer general romano que voltasse do norte com suas tropas, atravessar o rio Rubicão, para preservar a estabilidade de Roma. Porém Júlio Cesar, em perseguição a Pompeu, atravessou o rio depois de proclamar a celebre frase “A sorte está lançada” (Alea jacta est), violando a proibição. Creio eu que estamos no Rubicão do destino de muitos entes queridos. Só que a nossa vitória contra o vírus, ao contrário de Cesar, é não desrespeitar a lei, não atravessar o rio de nossas responsabilidades. Para isso precisamos ter FÉ no Deus de nossa crença, CONFIANÇA nos avanços da ciência e ESPERANÇA no Brasil, por mais que os maus políticos queiram se aproveitar dessa tragédia.
Saúde e paz para todos nós.
1 Comentário
Uma das pessoas mais dignas que conheci.
Amigo, solidário e humilde.
Deus te proteja.