Marcos Pires
Conheci Vinicius de Moraes na casa dos meus pais, hospede por uma semana em que fez shows aqui em João Pessoa. Com uns 13 anos, eu não tinha ideia da dimensão da fera, mas colei nele o tempo todo. Afora seu estranho café da manhã, pouco lembro das histórias da época. Ano passado uma amiga muito querida nos convidou para assistir um show de Gilberto Gil em Natal. Ao final saímos para jantar com Gil, sua esposa Flora e a produtora, Gilda Matoso, viúva de Vinicius. Na verdade ela foi a nona esposa do poetinha. Confesso que não sabia desse fato, e na primeira parte da noite me limitei a dividir uma peixada com Gilberto Gil, aprendendo com quem sabe.
De repetente, não mais que de repente, estava ouvindo Gilda e o próprio Gil relembrarem histórias de Vinicius de Morais. Pesquisei mais e descobri perolas, como por exemplo um dia em que os amigos perguntaram a ele o que queria ser se voltasse numa segunda vida, ao que ele respondeu que queria voltar como Vinicius, só que com um … maiorzinho.
Vinicius retornava de carro de um show que fizera com Toquinho, onde ambos beberam bastante. Lá pras tantas Vinicius ponderou que eles estavam muito bêbados e que não convinha continuar. Toquinho concordou: “- Tá certo, Vininha, mas quem está dirigindo é você. Pode encostar o carro”.
De outra feita ele fazia um show com Maria Creusa e num determinado momento levantou-se do banquinho para dividir os vocais com ela. Nesse momento sua calça caiu. Sem soltar o microfone ele levantou a calça e continuou cantando. Só assim o público soube que Vinicius não usava cueca.
Mas o que me emocionou foi saber que ele havia sido contratado para fazer um musical que tratava de um marciano apaixonado por brasileiras. O musical não foi pra frente, mas uma daquelas músicas sofreu uns ajustes e escapou de ser esquecida. Era “Garota de Ipanema”.
Antônio Maria, jornalista e compositor pernambucano que encantou uma geração inteira de intelectuais e boêmios, encontrou com Vinicius de Moraes no bar que frequentavam diariamente no Rio de Janeiro. Disse a Vinicius que embarcara na ponte aérea Rio/ São Paulo e notou que uma moça ao lado lia deleitada um livro do poetinha. Apresentou-se como sendo o autor da obra e entabulou uma animada conversa com a loura, que acreditou ser ele o famoso Vinicius. Ao desembarcarem ele conseguiu leva-la para jantar e em seguida rumaram para uma noite de amor em seu apartamento. Vinicius vibrou com a história. Tomou mais um gole de uísque e perguntou a Antônio Maria: “- E aí, Antônio, como foi que “eu” me saí na cama?”. Antônio Maria deu uma sonora gargalhada e disparou: “- Ah, meu poeta, lamento informar que você brochou”.
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