Marcos Pires
Em 1949 o engenheiro aeroespacial americano Edward Murphy formulou algumas leis sobre azar, sendo que a mais famosa delas dizia que se alguma coisa pode dar errado, dará. Obvio, né? Em algum momento todas as peças de uma máquina vão quebrar. Embora nem tudo dê errado sempre, um dia isso ocorrerá. Outra lei famosa do sabidinho diz que o pão sempre cai com a manteiga para baixo. Em 1997 um tal Robert Matthews (que como eu também não tinha o que fazer) demonstrou que dependendo da altura da mesa onde estava o pão, poderia haver tempo para o precioso alimento dar uma virada e assim comprovar essa lei de Murphy.
Isso é azar?
Não, não é. É ciência. Azar é diferente. Por exemplo, o cara estar numa fase tão ruim que leva fora até de garota de programa. Ou morrer engasgado com um daqueles biscoitos da sorte de restaurantes chineses.
Severino me disse ser tão azarado que um dia achou uma bolsa de madama cheia de dinheiro num beco. Pegou a bolsa e quando saiu na avenida a primeira coisa que viu foi uma mulher apontando para ele e dizendo a dois guardas: “- Olha lá, aquela é a minha bolsa”.
Esse mesmo Severino acredita piamente em azar. “- Marcos, as pessoas dizem que eu sou azarado porque vivo reclamando. É engraçado, queriam o que, que eu agradecesse e comemorasse todas as vezes que me lasco, é? O que eu queria é que as coisas na minha vida dessem certo pelo menos dez por cento do que dão errado”.
Outro que se diz azarado é Seu Fernando. Ele se mete a teórico. “- Amigo, a sorte quando vem bate na porta, mas o azar já entra derrubando tudo. Eu fico me perguntando o por que de tanto azar. Será que é porque eu não passei pra frente aquelas correntes que me mandam no WhatsApp? Eu juro a você que quando atravesso uma rua na faixa, só peço a Deus que se for atropelado seja por um Mercedes Benz ou outro carro de milionários, para a indenização ser maior. Do jeito que sou azarado é bem capaz de ser atropelado por um motoboy desses bem lisos”.
Nunca acreditei em azar. Isso de gato preto ou passar por baixo de escada é bobagem. Minha única superstição era sandália virada, porém depois que minha mãe morreu não estou nem aí.
Ah, como eu gostaria de passar o resto da vida desvirando sandálias… .
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