Marcos Pires
Imaginem, amigos leitores, se vocês pudessem entrar num supermercado e escolher nas prateleiras daquele estabelecimento comercial uma lei do seu agrado para satisfazer suas necessidades. Ou até chamar o gerente e dizer que nas prateleiras está faltando o tipo de lei que você quer comprar. “- Sem problema, freguês, podemos encomendar uma lei novinha, do jeito que você precisa. Entregamos em até 30 dias”.
Parece piada, mas não é.
Em 2015 a empresa CAOA, do empresário paraibano (sempre ele) Carlos Alberto de Oliveira Andrade entrou num enrosco por ter supostamente negociado a compra da MP 471, que prorrogava incentivos fiscais de mais de um bilhão de reais por ano. Ou seja, a grana deixou de ir para a saúde, educação, segurança e pingou nos cofres vocês sabem de quem.
Agora a cena se repete. A Policia Federal está investigando a compra de outras Medidas Provisórias que teriam provocado uma redução de mais de 35 bilhões na dívida tributária dos planos de saúde. Novamente é grana que deixou de ir para a saúde pública, a educação, a segurança e beneficiou uns poucos empresários bilionários.
Na história do Brasil há registros curiosos, como por exemplo o caso de outro paraibano, Assis Chateaubriand, que teria conseguido junto ao presidente Getúlio Vargas o Decreto Lei 4737, de 1942, conhecido posteriormente como Lei Teresoca porque deu a ele o direito de reconhecimento de sua filha havida fora do casamento. Infelizmente não há registro do valor pago.
O pior nisso tudo é que por melhores que sejam os Tribunais de Justiça e por mais sérios e honestos que sejam os Desembargadores e Ministros, jamais poderão deixar de julgar de acordo com o que prevê a legislação.
Já dizia Bismarck que se os homens soubessem como são produzidas a lei e a salsicha, jamais respeitariam a primeira e não comeriam a segunda.
Portanto, mais uma vez estou demonstrando que pouco importa quem vocês elejam para presidente. É naquele supermercado de leis que reside todo o mal da nação.
2 Comentários
Verdade pura! Por isso que não acredito em reforma política, feita pelo congresso nacional, jamais cortarão os privilégios conquistados, cortando na própria carne. Basta falar em acabar com o fim da imunidade parlamentar, pra acabar com todos os sonhos de qualquer reforma política.
Terrível, pobre não tem dinheiro nem pra comprar pão, imaginem pra comprar lei!