A lógica do futebol é uma coisa verdadeiramente ilógica. Quem imaginaria ver o Peru, humilhado pelo Brasil com cinco a zero, desclassificar o favorito Uruguai nos penaltis?
Pois eliminou.
E o Brasil só escapou do Paraguai porque Gabriel Jesus, que não joga nada, chutou no cantinho e iludiu o goleiro.
Esse povo não amarra a chuteira de Zé de Ana, o Cumpade Ruscano da Rua do Cancão de Princesa.
João de Oliveira pariu três craques: Zé de Ana, Chico e Tonheca.
Chico era zagueiro. Tonheca atacava e fazia gols. Mas o astro maior da família era Zé.
Dono de poderosa testa, costumava cabecear a bola na sua área e mandar a dita cuja para além fronteiras.
Certa vez começou a cabecear no seu campo, atravessou o contrário, foi até a área do adversário e, na hora do gol, cabeceou pra fora só pra fazer raiva.
Dentre os craques de Princesa, e Princesa teve incontáveis craques, Zé de Ana é o único a continuar planando pelas planícies da vida. Morreram Cotôco, Arlindo,Reinaldo, etc , etc, mas Zé continua lá, vestindo a sua camisa do Cancão e dando ordens.
Comecei essa conversa pensando em falar sobre as generalidades do futebol. Pretendia relembrar aquela partida entre Esplanada e os Ticos, onde fui improvisado de goleiro e, após o nono gol, fui demitido por Guilherme Maia com a seguinte advertência: “é melhor a barra limpa do que você”.
Ou então aquele jogo entre Central e Várzea, no qual me colocaram como juiz improvisado e de lá saí acusado de só apitar as faltas cometidas dos ovos pra cima.
Mas preferi ficar com Zé de Ana.
Um herói.
Um exemplo.
Uma figura, como diz Bidiça de Benedito, altamente “chequilováquea”.
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