opinião

Separando o joio do trigo a pretexto da pulada de cerca do pastor Samuel

8 de julho de 2021

 

Por TARCISIO NEVES

O escândalo que jogou por terra a reputação do pastor Samuel Mariano e da diaconisa Monalisa Feitosa, ambos casados, acusados de adultério, a famosa pulada de cerca ou mijar fora do caco, não pode, de maneira alguma, manchar o nome, a reputação e a missão da igreja Assembleia de Deus, por todo o seu legado em nome da moral, dos bons costumes e da preservação da família ao longo de décadas.

Para quem não sabe a igreja Assembleia de Deus já tirou milhares de pessoas da beira do abismo, convertendo e recuperando, inclusive, ladrões, assassinos, drogados, e toda sorte de malfeitores, por meio do trabalho de fiéis abnegados desenvolvendo um árduo trabalho religioso-social, nos presídios, manicômios e hospitais, para ajudar a salvar almas doentes.

E a maior conquista tem sido, sem sombra de dúvidas, a tão almejada reinserção social de ex-presidiários estigmatizados pela sociedade com esta pecha que persegue e dificulta o retorno dessas pessoas ao mercado de trabalho e ao convívio social.

“Ele é um ex-presidiário!”

Mas é preciso saber separar o joio do trigo.

Infelizmente este tipo de episódio envolvendo o pastor e a diaconisa fere a moral e a honra de figuras que deveriam dar o bom exemplo cai feito uma bomba quando atinge os evangélicos, porque, na igreja católica, a permissividade é tão avassaladora que toda imoralidade tornou-se coisa banal ao longo dos séculos – muito antes da inquisição – aos tempos modernos.

Não foi sem razão que Martinho Lutero rachou a igreja católica para criar o protestantismo. Foi no dia 31 de outubro de 1517, que o monge agostiniano afixou na porta da Igreja de Wittemberg, na Alemanha, 95 teses que criticavam a conduta da Igreja Católica.

Os escândalos homossexuais em envolvendo padres e bispos se multiplicaram feito rastilho de pólvora ao longo de séculos. O adultério para os falsos moralistas católicos sempre foi algo tão normal e corriqueiro que a maioria dos grandes expoentes da vida pública, como políticos, magistrados, militares, professores, médicos, enfermeiros, advogados, empresários e outros menos cotados sempre tiveram amantes, quando não, uma família paralela.

De Getúlio Vargas a JK, ao General João Figueiredo, que traçava uma menininha em Brasília, e ao bonitão Collor de Melo, há uma extensa biografia a respeito da pulada cerca, quando não, aquela velha máxima de que fulano estará comendo a mulher do vizinho.

A Câmara dos Deputados e o Senado Federal aqui em Brasília são considerados um antro de perdição envolvendo calcinhas e cuecas nos bastidores – e a Paraíba é pródiga neste departamento, envolvendo desde a alta sociedade hipócrita e falsa puritana, ao mais insignificante dos homens comuns das ralés que circundam o entorno da favelizada João Pessoa.

Ali, naqueles contornos tradicionais onde todas as tardes aposentados e desocupados se reúnem para jogar baralho, dominó ou coisa que o valha, entre uma fofoca e outra, distribuindo a ficha das mocinhas trepadeiras do bairro, e das madames que põe ovo no mato. Como diria Carlito Boca de Flor, personagem do meu livro O Milagre da Forca, num discurso machista pra lá de ferino:

“Se mulher se valorizasse, todo pobre não tinha cinco”…

“Mas como é mesmo esta história?”

“Pois é… O cabra tem a esposa e mais quatro amantes, no mínimo”.

Na sociedade paraibana, a história de chifres daria uma novela de causar inveja ao saudoso Dias Gomes, especialista nessas efervescentes tramas que envolvem os apimentados segredos de alcovas, entre sussurros, gemidos e gritos daquelas mulheres escandalosas que explodem na hora do orgasmo, enquanto os gritos ecoam pelas frestas das janelas indiscretas.

Quem não se lembra daquele escândalo envolvendo aquele falecido deputado federal fundador daquele antigo jornal que nem existe mais, cujo motorista fora flagrado enrabando a dadivosa esposa do parlamentar?

E a traumática história daquele general cujo filho caçula seria filho do motorista? O episódio foi tão macabro que, além de provocar a morte do general, levou o filho ao suicídio, aos 34 anos de idade, um arquiteto de coração extraordinário, de cuja amizade tive o prazer de desfrutar no Rio de Janeiro, entre uma dose e outra de Fogo Paulista, nas noites frias num botequim ali na Praça Quinze, bem ao lado da Estação das Barcas.

Um cara cheio da grana, mas sem nenhuma frescura e, por muitas vezes, suportei seus desabafos, entrecortados por lágrimas que insistiam em escorrer aos borbotões pelos cantos dos seus olhos opacos de tanta tristeza. Ele não se conformava amar tanto o pai, e descobrir que era na verdade filho do motorista.

Tempos depois fui para Brasília e fiquei chocado quando soube que ele houvera se suicidado em João Pessoa. Fiz uma homenagem àquela pobre alma amiga no meu livro A Décima Terceira Regra de Ouro Para o Sucesso, contando um pouco de sua tragédia pessoal. Coisas que acontecem na sociedade católica são abafadas e jogadas para dentro o baú do esquecimento – mas, quando se trata de um pastor evangélico, a bomba explode como o fenômeno hiroshima-nagazakiano.

No caso em particular que envolve um ministro da palavra de Deus, um pastor que lidera um rebanho de ovelhas de nível social, cultural e intelectual o mais diverso, a sua responsabilidade não é apenas perante a sociedade, mas, sobretudo, diante de Deus. Fui criado na igreja Assembleia de Deus desde os meus 12 de idade, quando meus pais se converteram. Antes, porém, fui frequentador assíduo das missas na igreja do Rosário, ali, em Jaguaribe, à Avenida 1º de Maio, e na Catedral, na Avenida General Osório – minha avó e minha mãe eram filhas de Maria e devotas de Nossa Senhora de Fátima.

Tanto que o meu nome de batismo é Tarcísio de Fátima Neves. Então, você me pergunta: Fátima, por que Fátima? Simplesmente porque minha mãe teve um sonho que iria morrer de parto e, juntamente com minha avó, fez uma promessa com Nossa Senhora de Fátima e com São Tarcísio, um santo até hoje quase desconhecido. Mas no futuro eu procurei saber quem era este meu protetor…

E minha mãe prometeu: se o rebento fosse menino, se chamaria Tarcísio de Fátima Neves; e, se fosse menina, Tarcísia de Fátima Neves. Pelo menos, nunca conheci nenhuma Tarcísia – agora imagina o booling que sofri a vida inteira nas escolas, na rua e, em todos os lugares, quando a molecada descobria o meu sobrenome e vociferavam:

“Eu acho que este cabra é veado!”

E eu?

Já quebrava a cara de nego no primeiro dia de aula!

Até no Exército, quando me apresentei, fui obrigado a enfrentar uma mesa redonda repleta de oficiais, para checarem se eu era homem ou se tinha algum trejeito que fizesse jus ao nome da minha adorável santa protetora – Nossa Senhora de Fátima. Algumas pessoas sugeriam várias vezes a troca de nome, mas nunca me passou pela cabeça esta desfeita à santa, e logo eu, que escapei da morte diversas vezes desde a minha infância – e, mesmo sendo evangélico, nunca pensei, nem por um momento, tirar o seu nome do meu nome, e sempre tive a sensação de que ela realmente está ao meu redor, me protegendo sem me perder de vista.

A igreja Central Assembleia de Deus ficava a uns quinhentos metros da igreja do Rosário, para onde nos mudamos depois que meus pais se converteram, e passei a aprender uma doutrina diferente, onde a rigidez e os hábitos comportamentais eram completamente diferentes daqueles da igreja católica, envolvendo mulheres, homens, crianças e adolescentes. A doutrina sobre a família, a moral e os bons costumes eram ensinados em cada culto e, didaticamente, na Escola Dominical, cuja filosofia é formar as crianças dentro das regras da palavra de Deus, onde os dez mandamentos eram ensinados exaustivamente, dentre eles, o adultério.

Mesmo assim, me lembro muito bem de três casos de adultério envolvendo mulheres casadas dentro da igreja, ali, por volta de 1967, quando eu ainda era uma criança – a sacanagem vem de longe! Um deles envolvia o maestro do coral feminino – ele papava uma irmãzinha casada, componente do coral. Noutro, o marido descobriu que estava sendo traído e queria matar a mulher – mas, a minha mãe, como uma espécie de protetora das famílias adjacentes, convenceu o traído de que ele iria causar uma tragédia na família – acabou levando a mulher para a casa dos pais dela e foi embora com os filhos.

“Vim devolver a puta que vocês me deram para casar”.

No outro caso, o personagem traído sofrera um acidente jogando futebol e ficou paralítico, não funcionando mais os movimentos da cintura para baixo, afetando o funcionamento de sua ferramenta sexual. Ela era uma mulher nova, uma potranca, cuspindo sexo pelo nariz. Agindo sorrateiramente, um velho “amigo” do marido, sabendo do problema do casal, e do fogo debaixo da saia daquela jumenta, foi se aproximando, cercando, escorregando pelas laterais do campo, até que chegou à marca do pênalti e fuzilou. Resultado: enfiou-lhe uma barriga, e a gravidez só foi descoberta aos sete meses, quando o marido traído desconfiou que a mulher estaria engordando demais.

Descoberto o escândalo, ela assumiu a traição, o Ricardão fugiu pra São Paulo; e o marido perdoou com uma condição: fazer um aborto. O crime foi praticado numa clínica de aborto clandestina em Natal, e tudo voltou a ser como dantes. Fogo debaixo das pernas e cabeça maluca rachada quando se juntam, é muito delicioso, mas também pode acabar em tragédia.

Agora me diga: quais teriam sido as aulas que esses personagens, o pastor Samuel e a diaconisa perderam para traírem os seus cônjuges caindo na esbórnia dos deleites carnais, ignorando toda a doutrina evangélico-cristã, que abomina o adultério? Cercado por um aparato bélico defensor de plantão, o pastor se defende, dizendo que tudo não passa de mentira, e de um complô para destruir sua vida espiritual e o seu ministério cristão, enquanto a mulher assume o seu erro, diz que pecou, pede perdão e afirma em alto e bom som que realmente houve um caso entre ambos. Já a mulher do pastor jura que acredita na inocência do marido.

Não estou aqui para julgar ninguém, até porque não tenho este direito, muito menos ousadia, mas, a perseguição que se abate sobre o povo evangélico nesses tempos modernos é sem precedentes na história cristã, sobretudo em face do combate à prática do homossexualismo, ainda que com base na doutrina bíblica, que assegura que tais personagens não terão parte no Reino de Deus, e cuja prática é considerada por Deus abominação. O próprio pastor Samuel disse que vem sofrendo perseguição desde que criticou o cantor Pablo Vittar, tendo sido vítima de montagens fotográficas, onde puseram sua cabeça sobre um corpo nu e espalharam na internet.

Sem querer defender o pastor Samuel, parafraseando o rei Roberto Carlos ao dizer, naquela canção antiga, que… “a vida é tão bela/quando a gente ama/ e tem um amor”… Cada um é responsável pelos seus atos e, no juízo final, irão prestar contas a Deus… Trabalhei a vida inteira cercado por gays, nos veículos de comunicação por onde passei, em vários lugares do Brasil e no exterior. Tanto que muito deles brincavam comigo dizendo que não tiveram a sorte de nascer com o meu nome, pois, adorariam serem chamados de Fafá… Pode um negócio deste?

Nunca fui e nem sou simpatizante da prática considerada por Deus abominável. Mas não sou intolerante e respeito cada um deles como seres humanos que têm o direito de fazerem aquilo que bem entenderem com os seus corpos e com suas vidas, até porque Deus deu livre arbítrio ao homem. E, conforme já disse cada um responderá pelos seus atos na presença de Deus.

Do mesmo modo o pastor Samuel, se realmente adulterou, se escandalizou verdadeiramente, manchando o ministério com a prática abominável deste pecado, quer tenha ou não pedido perdão a Deus, é ele que irá se explicar na presença do Senhor. Afinal, Jesus Cristo deixou isto bem claro, conforme diz o livro de Matheus (18:7): “Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham os escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!”

Porque o adultério é considerado um pecado em todas as religiões, e a Bíblia decreta a sentença de morte para ambos os adúlteros (Levítico 20:10); pune tanto o adúltero quanto a adúltera (24:2) e, neste caso, o homem é considerado adúltero, mesmo que ele não seja casado, e a mulher é considerada adúltera. O assunto é tão grave que Jesus não aliviou este tipo de sacanagem inadmissível para quem tem vergonha na cara, que advertiu em Matheus (5:27-28), dizendo que “qualquer um que olhar para uma mulher e desejá-la, já cometeu adultério em seu coração”.

O casamento é uma aliança feita com Deus e o seu cônjuge, e a Bíblia ainda afirma em Matheus (19:9) que, em caso de adultério, a pessoa que foi traída tem o direito de pedir o divórcio – único motivo que autorizaria o pedido de divórcio – hoje, basta um olhar de cara feia para o outro que o casamento vai para o ralo. Portanto, resta saber se todo este escândalo que caiu na rede é mesmo verdade, porque, ao desmentir, o pastor terá que provar que é inocente, até porque a mulher que teria ido com eles se deleitar na alcova, disse que tudo aconteceu na mais perfeita sintonia. Só não disse se havia trocado maria mole por rapa…dura!

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8 Comentários

  • Reply mané gato 8 de julho de 2021 at 07:04

    A condenação ao adultério tem mais a ver com o controle de heranças do que outras regras morais criadas pelas religiões. No caso do pastor, a reprimenda é mais pelo que ele prega do que pelo que fez. Condena o adultério e o pratica. Na sociedade em geral, chifre ou cangaia é o que mais existe, ninguém nem liga mais.

  • Reply MAURILIO BATISTA DIAS 8 de julho de 2021 at 09:20

    Amigo se Deus for punir quem come mulher fora do casamento o inferno vai ter que criar um minha casa meu chifre

  • Reply severino de maria 8 de julho de 2021 at 09:33

    Essa crentaiada ignara devia ser jogada no lixo da história

  • Reply Angela 8 de julho de 2021 at 12:23

    O único gesto digno que esse pastor
    poderia fazer seria admitir que
    feriu os dogmas da igreja, pedir perdão,
    e se autopenetenciar.
    Essa, sim, seria a atitude de um homem,
    de verdade. E um exemplo para os
    membros da igreja.

  • Reply José Neves 8 de julho de 2021 at 12:54

    Nada a ver, querer tentar endeusar os protestantes jogando na lama os cristãos católicos. Em ambas tem pessoas tranparentes e pessoas transgressoras. A Igreja Católica não ensina ninguém a viver de modo errado. Comentário infeliz.

  • Reply Paulo Sérgio Lyra 8 de julho de 2021 at 17:12

    Não tenho mais nada a dizer, o Sr. José Neves já disse tudo.

  • Reply Viviane 9 de julho de 2021 at 00:14

    Eu peço miséricordia a Deus por minha vida e segure minha mão pra NÃO pecar contra ti?
    Quanto ao Pastor, que Deus RESTAURE SUA casa e a dalila fez de caso pensado, uma ? pra destruir uma familia.

  • Reply João Kened 9 de julho de 2021 at 06:20

    Blá, blá, blá, blá…: tudo comedor se dízimos de incautos e velhinhos aposentados! Quantos menos ovelhas, menos leite, carne e lã. Se se falar que outras já estão sendo comidos os tutanos, muito depois de terem os ossos!

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